Campanha Unesp Sem assédio

Ontem, dia 07 de maio, ocorreu o lançamento da campanha “UNESP Sem assédio – sem medo, sem impunidade”, que contou com a presença de toda a comunidade acadêmica unespiana e teve como objetivo marcar o início de uma série de ações que serão desenvolvidas em todos os campi da Unesp, tendo como objetivo sensibilizar e mobilizar a comunidade acadêmica para o enfrentamento ao assédio moral e sexual na universidade.

A campanha propõe “um espaço de informação e reflexão sobre as diferentes formas de assédio, suas consequências para as pessoas vitimadas e as responsabilidades institucionais no combate a essas práticas, reafirmando o compromisso da Unesp com um ambiente ético, seguro e respeitoso para todas as pessoas”.

Um dos destaques do evento foi a fala inicial da Reitora Profª Maysa Furlan, que pode ser lida a seguir:

Lançamos hoje a campanha “Unesp Sem Assédio – Sem medo, sem impunidade: o assédio não tem lugar em nossa universidade”, mais um passo nos esforços da Unesp para a construção de um ambiente acadêmico ético, seguro e inclusivo.

O assédio é uma violência que se manifesta de diferentes maneiras pode ser moral, sexual,  incluindo o bullying. Pode acontecer em diferentes posições hierárquicas e em diversas situações. Mas SEMPRE é uma violência e sempre é inadmissível.

Em 2022 demos um passo importantíssimo ao instituir a PORTARIA UNESP Nº 68, DE 26 DE JULHO. Trata-se de uma Política Educativa de Enfrentamento ao assédio moral, assédio sexual, importunação sexual, formas de discriminações e preconceitos em relação à origem, cor, gênero, orientação sexual, religião ou crença, nível sócio-econômico, condição corporal física ou psíquica no âmbito da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP.

Esta portaria tem como linhas gerais:

I – respeito à dignidade humana;

II – estabelecimento de clima institucional pautado por princípios concernentes aos Direitos Humanos, e valores éticos e democráticos visando, o respeito às diversidades humanas;

III – formação dos membros da comunidade interna, obrigatória para pessoas envolvidas em atividades de gestão na universidade, por meio de seminários, palestras, oficinas e outras atividades voltadas à discussão e à sensibilização para os Direitos Humanos, inclusão social e temáticas à eles subjacentes relacionadas às diversidades humanas e ao melhor convívio com as diferenças;

IV – elaboração de materiais informativos e realização de eventos e campanhas de comunicação a respeito dos temas: assédio, discriminação, preconceitos, inclusão social, diversidades e questões identitárias e Direitos Humanos.

Esta portaria cria o Acolhe Unesp como parte da Política Educativa de Enfrentamento à Violências na Universidade. O Acolhe funciona como um centro de apoio e ajuda a vítimas de práticas violentas, tais como assédios e preconceitos. O objetivo principal do Acolhe Unesp é garantir um canal seguro e eficaz para auxiliar vítimas de violências, que em geral estão em sofrimento ou em condição de fragilidade. Esse auxílio ocorre por meio da Comissão Central de Acolhimento, vinculada à Ouvidoria Geral da Unesp e que segue o protocolo de confidencialidade do órgão. No âmbito do Acolhe Unesp, a pessoa é orientada sobre medidas protetivas e encaminhamentos possíveis nas esferas acadêmica, médica, social e/ou jurídica.

Na perspectiva formativa foram produzidos cursos sobre Direitos Humanos, Diversidade Sexual, Diversidade Etnico-racial, Capacitismo e inclusão e enfrentamento a LGBTfobia ofertados a toda a comunidade acadêmica. Foram produzidas cartilhas de enfrentamento ao assédio disponibilizadas online e impressas também.

Anualmente, são realizados pela CAADI,  Fórum Permanente “Diversidade, Equidade e Direitos Humanos na Universidade” que reúne estudantes, pesquisadores e setores da sociedade para discutir questões polêmicas de nossa sociedade. A CAADI, desde sua criação, em 2022, vem realizando campanhas sobre assédio, preconceitos e discriminações.

A Campanha Unesp sem assédio insere-se na linha de ação definida pela Portaria que prevê o estabelecimento de clima institucional pautado por princípios concernentes aos Direitos Humanos, e valores éticos e democráticos visando o respeito às diversidades humanas. O clima institucional pretendido só se realiza em um ambiente livre de assédios. Estudo, pesquisa, relação com a sociedade, gestão concretizam a universidade e a excelência destas ações dependem de relações interpessoais, grupais, institucionais pautadas pelo respeito e no reconhecimento da dignidade de todas as pessoas. Por isso, o assédio é sempre inadmissível.

Esta campanha entende que o clima institucional livre de assédios, preconceitos e discriminações depende de informações, formações, escuta e ações de enfrentamento.

As ações que integram esta campanha:

  1. Informação sobre assédios e bullying
  2. Divulgação dos canais de denúncia e acolhimento
  3. Escuta de estudantes, docentes e funcionários de cada campus

Em cada campus da Unesp a Campanha estará presente para ouvir quais são os principais problemas identificados por cada segmento (estudantes, docentes e funcionários) e quais as ações que sugerem para seu enfrentamento. Buscamos o diálogo e a percepção dos grupos para repensar as relações na instituição visando estabelecer um clima ético e de respeito e segurança para as pessoas.

Esta não é uma ação isolada. O assédio afeta a todas as pessoas, por isso, seu enfrentamento depende de cada um de nós atuarmos conjuntamente. Desde já pedimos que os campi se organizem para os debates que acontecerão. A campanha é de todas as pessoas que fazem a Unesp.

Nós do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero/LIEG temos nos debruçado sobre a questão da violência de gênero, racismo e LGBTQIA+fobia com pesquisas que vão desde a iniciação científica até o doutorado, sempre realizando atividades pedagógicas e acadêmicas que visam fortalecer o enfrentamento e a prevenção a estas formas de violência. Consideramos de extrema importância ações institucionais como esta campanha, que formaliza esta luta como sendo de todos, todas e todes, e oferece ferramentas para medidas educativas, de acolhimento e de denúncia.

Maiores informações sobre a campanha e suas ações podem ser encontradas nos sites da Unesp, da CAADI e da Ouvidoria. O evento de lançamento da campanha pode ser assistido pelo Youtube no link a seguir:

Lançamento da campanha “UNESP Sem assédio – sem medo, sem impunidade: o assédio não tem lugar em nossa universidade”

Nós do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero – LIEG, em conjunto com a reitoria da UNESP e a Coordenadoria de Ações Afirmativas e Diversidades (CAADI) convidamos todas, todes e todos para o evento de lançamento da campanha “Unesp Sem Assédio – Sem medo, sem impunidade: o assédio não tem lugar em nossa universidade” tem como objetivo sensibilizar e mobilizar a comunidade acadêmica para o enfrentamento ao assédio moral e sexual na universidade.

A atividade propõe “um espaço de informação e reflexão sobre as diferentes formas de assédio, suas consequências para as pessoas vitimadas e as responsabilidades institucionais no combate a essas práticas, reafirmando o compromisso da Unesp com um ambiente ético, seguro e respeitoso para todas as pessoas”.

O evento, que ocorrerá em São Paulo, também terá para a exibição ao vivo no Anfiteatro da FFC, no dia 07 de maio, às 16h30 (assim como nos demais campi da UNESP).

Inscreva-se no QR Code na imagem ou no link abaixo com antecedência e assine a lista de presença no dia do evento para receber o certificado:

https://eventos.faac.unesp.br/unespsemassedio2025/

LIEG – UNESP parabeniza a gestão eleita para a Reitoria

Em nome das/os membros e coordenação do LIEG/UNESP, gostaríamos de parabenizar a eleição da 1ª reitora mulher da UNESP, a  Prof.ª Maysa Furlan, que durante sua gestão como Vice-Reitora, com sensibilidade  e acolhimento,  implementou  ações privilegiando as demandas da diversidade estudantil  garantido o seu  acesso, a  permanência e a inclusão  através de uma política de diálogos constante.

A presença de uma Ouvidoria como um canal de comunicação constante entre cidadãs e cidadãos e a comunidade unespiana composta de professores e funcionários (hoje são 34 ouvidores locais) garantiu a defesa dos direitos de todas, todos e todes.  A criação da Coordenadoria de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade (CAADI) em 2022, permitiu a existência de uma política educacional e pedagógica de “Enfrentamento ao  assédio, importunação sexual, formas de discriminação  e preconceitos  em relação à origem , cor, gênero, orientação sexual e de prevenção de todas as formas de violência  na UNESP”.

Como pesquisadoras e pesquisadores do LIEG/UNESP  desenvolvendo pesquisas e produzindo de conhecimentos  nos sentimos privilegiadas/os  com o apoio recebido e desejamos que os desafios a serem enfrentados como reitora, ao lado do Prof. Cesar Martins, vice-reitor contemplem  mais uma vez , ações para a construção de “uma universidade múltipla e acolhedora“ , onde possamos atuar, trabalhar  em um ambiente  onde as assimetrias de gênero  sejam dissipadas  em um convívio  de  respeito e diálogos constantes.

Parabéns aos colegas eleitos!

(Disponível em https://jornal.unesp.br/2024/11/15/nomeados-para-os-cargos-de-reitora-e-vice-reitor-a-partir-de-2025-professores-maysa-furlan-e-cesar-martins-apresentam-seus-planos-para-o-mandato/)

Defesa de mestrado – Giovanna Bem Borges

No dia 27 de setembro de 2024, Giovanna Bem Borges, pesquisadora do Laboratório Interdisciplinar de estudos de gênero – LIEG, defendeu sua dissertação de mestrado, sob orientação da Profª Drª Lídia Vianna Possas, coordenadora do LIEG, desenvolvida na Linha 2 do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Unesp de Marília – FFC. Tivemos na banca a presença da Profª Drª Manuela Trindade Viana, da Universidad Javeriana de Bogotá, Colômbia, e da Profª Drª Cristina Wolff, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Segue abaixo um resumo do trabalho cedido pela autora, assim como fotos do evento e link para o repositório de teses:

A Segunda Guerra Mundial é um dos acontecimentos mais estudados do século XX. Entretanto, como aponta Svetlana Aleksiévitch (2016a), a maior parte do que conhecemos sobre a guerra foi escrito por homens e para homens, que a consideram implícita ou explicitamente como um fenômeno masculino por excelência. Dessa forma, essa pesquisa pretende explorar o trabalho de Aleksiévitch, “A Guerra Não Tem Rosto de Mulher” (2016a), com o intuito de pensar as relações de gênero na União Soviética a partir dos testemunhos das mulheres que serviram no front. O referencial teórico utilizado são os estudos de gênero na perspectiva de Raewyn Connell e Rebecca Pearse (2015) e a técnica para a organização dos dados é a análise do discurso baseada principalmente em Mikhail Bakhtin (2002; 2016). Em suma, ao priorizar as experiências e os testemunhos femininos em seu trabalho, Aleksiévitch não só desafiou a narrativa oficial da guerra, mas também questionou em alguma medida as relações de gênero soviéticas ao deslocar os marcos interpretativos do passado para outras questões e outros sujeitos, uma disputa política que tem repercussões até hoje no leste europeu. Contudo, embora seu projeto seja em vários sentidos inovador, ele se inscreve em um momento histórico no qual as disputas em torno da memória estavam subordinadas em alguma medida a um conflito maior em torno das metanarrativas da nação. Desse modo, frequentemente há uma dissociação entre a história que Aleksiévitch quer contar e história que suas interlocutoras desejam contar. Além disso, o ativismo da jornalista pela paz também implicou frequentemente em visões de gênero essencialistas que tinha como intuito questionar o ideal monolítico de nação, no qual em grande parte suas interlocutoras ainda se viam, embora não sem conflitos e contradições. Por isso a importância de entender o discurso através de seu aspecto dialógico. Ainda que Aleksiévitch tivesse o intuito de tirar essas mulheres da invisibilidade e dar um espaço para que elas pudessem discutir suas memórias livremente, sua tentativa de negar a guerra como uma experiência de valor implicou na adoção consciente ou inconsciente de estereótipos empregados no pós-guerra com o intuito de “desarmar” as mulheres do front, tanto simbólica como literalmente.

A dissertação já encontra-se disponível no Repositório Institucional da UNESP, no link https://repositorio.unesp.br/items/ecbb4229-7208-497b-aec7-db4e5b17f2a6.

Nós do LIEG parabenizamos a Giovanna por essa conquista, e agradecemos a troca e o aprendizado nesses anos de parceria.

Decolonizando saberes: feminismo negro

A leitura do livro de Lélia Gonzalez é fundamental para quem deseja se aprofundar no conhecimento e debate sobre os diversos pontos do Feminismo e sobre como tornar a luta pelo direito das mulheres mais inclusiva a cada dia.

No presente trabalho, utilizando os livros base do curso, há a apresentação da Crítica ao Feminismo Branco Hegemônico, onde a autora menciona as falas do feminismo tradicional em dar ouvidos á mulheres marginalizadas, com isso nota-se o caráter excludente e monocromático do feminismo tradicional. Para ampliarmos o pensamento e adentarmos no mundo do Feminismo Negro, a autora cita as suas características, como a valorização da cultura afro-brasileira, a visibilidade e representatividade, a desconstrução de estereótipos, entre outros.

O Feminismo Negro está sempre em constante mudança e construção, se adaptando ás novas realidades e desafios que as mulheres marginalizadas sofrem e que não é considerado no Feminismo Tradicional.

Para um maior aprofundamento no assunto e afim de dar início a uma discussão pensante para a reflexão dos participantes, as estagiárias Júlia Xavier da Silva e Ana Paula Almeida de Miranda, ambas alunas do curso de Ciências Sociais na UNESP- Faculdade de Ciências Humanas de Marília, dividiram as leituras e em parceria apresentaram uma base do assunto para dar inicio a discussão.

Portanto, o Feminismo Negro busca lutar pela autonomia das mulheres negras, pela desconstrução do racismo e pela valorização da cultura afro-brasileira, deste modo, ele busca construir uma sociedade mais justa e igualitária para todos.

Bibliografia utilizada

AKOTIRENE, C. Interseccionalidade. São Paulo, SP: Sueli Carneiro; Pólen, 2019. 152 p. ISBN
978-85-98349-69-5

GALETTI, Camila; RIVETTI, Jéssica M. (Orgs.). Feminismos em Movimento. Belo Horizonte: Editora Luas, 2023. ISBN 6581177083

Julia Xavier é graduanda em Ciências Sociais, atualmente no terceiro ano e foi estagiaria da atividade de extensão do LIEG – Decolonizando saberes.

Falar de assédio: por que não?

Arte por Prakash (https://dribbble.com/shots/3509561-Women-Harassment)

Ao longo dos últimos dias, acompanhamos a movimentação e reverberação de notícias sobre o então Ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania Sílvio de Almeida, acusado de assédio moral e sexual (através de denúncias anônimas, tornadas públicas através de nota ONG Me Too), o que levou a sua demissão. As denúncias serão apuradas em processo investigativo.

Nós do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero (LIEG) nos debruçamos sobre a questão do assédio de forma política e acadêmica desde 2014. Observamos que neste caso, a visibilidade e cargo público de alto escalão do governo mobiliza diversas questões, como as subjetividades testemunhais que estão nesse cenário complexo e de interesses políticos de toda natureza ideológica. Como pesquisadores da temática no âmbito acadêmico, acreditamos que todas as versões circulantes devem ser levadas em consideração, evitando privilegiar os sectarismos que estão ocupando as mídias digitais.

Práticas de assédio nas instituições vem sendo cada vez mais visibilizadas, e o debate se fortalece através de importantes pesquisas que estão sendo realizadas sobre o tema. Porém, as denúncias ainda encontram dificuldades para serem ouvidas e registradas. As universidades brasileiras, nosso campo de estudo, ainda carecem de ferramentas efetivas de prevenção, acolhimento e enfrentamento com maior agilidade devido a uma estrutura burocrática, que mantém as denúncias em um processo de circularidade, impedindo tomadas de decisões mais ágeis e acolhimentos mais efetivos. Prevalece a hierarquia das instâncias apuradoras, o que resulta em processos longos de decisão. Nossa pergunta é: Por quê?  Para conciliar interesses e relações de poder? Convidamos os leitores a refletir conosco sobre todas as nuances, interseccionalidades e interesses envolvidos nesse e em outros casos semelhantes nos nossos comentários.

https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2024/09/06/ministro-silvio-almeida-demissao.ghtml: Falar de assédio: por que não?

Decolonizando saberes: feminismo interseccional

Durante a realização da ACEU: Descolonizando saberes: gênero, violência, interseccionalidade e lugares, discutimos a existência de feminismos como ferramentas de análises e compreensão da realidade.

Tratamos em especial do Feminismo Negro e do Feminismo Interseccional. Ambos trazem mais camadas ao olhar gendrado. Não se trata apenas de considerar o ser mulher, mas situá-lo dentro de uma existência complexa, com variantes e somatórias que não nos permite uma desvinculação de suas nuances. A proposta é a de ampliar o debate e em especial no que tange ao feminismo interseccional, cuidar para que o termo não seja esvaziado do seu potencial político crítico.

Quando pensamos em interseccionalidade não podemos considerar apenas as variantes, mas entender de que maneira e com qual intensidade essas variantes afetam nossa práxis enquanto mulher. É procurar compreender quais dinâmicas nos atravessam.

É sair do esquema de organograma, de uma influência estruturada e hierarquizada, para uma rede, uma teia de influências, amplamente conectada e onde um mesmo fio perpassa vários outros fios, se fundindo de tal maneira que não possam ser desvencilhados sem estragar o tecido.

Assim é o feminismo interseccional. Complexo, nuançado e muito importante para entender as influências de gênero, sexualidade, raça, maternidade, classe, etnia e tantos outros marcadores que cerceiam o ser mulher.

Para atender a este fim, as alunas Ana Paula Almeida de Miranda e Julia Xavier aprofundaram as discussões com as leituras de Carla Akotirene, Raquel Sueli Cardoso da Conceição, Patrícia H Collins e Livia de Souza Lima, realizando uma discussão orientada dos tópicos Feminismo Negro e Feminismo Interseccional na reunião da Atividade Extensionista realizada em 27 de junho de 2024.

Texto por Ana Paula Almeida de Miranda. Bacharelanda em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (PPGCS/UNESP). Integra o Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero (LIEG/UNESP) e é pesquisadora do Observatório de Segurança Pública (OSP/UNESP). Atualmente, se dedica aos estudos das relações entre gênero e atividade policial.

LIEG no 13 º Fazendo Gênero em Florianópolis

Na última semana, entre os dias 29/07 e 02/08, as pesquisadoras do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero (LIEG) estiveram no Seminário Internacional “Fazendo Gênero 13 contra o fim do mundo: anti-colonialismo, anti-fascismo e justiça climática”, que neste ano completa 30 anos de encontros e trocas científicas, ativistas e artísticas, além de simbolizar a primeira experiência presencial após a pandemia de Covid-19.

O evento foi realizado no âmbito da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e recebeu pessoas de todos os lugares e das mais diversas áreas com um objetivo em comum: o compromisso feminista com a justiça em seus vários aspectos afins à interdependência humana, animal e climática.

Nesta ocasião, a Dra. Lidia Maria Vianna Possas coordenou o Simpósio Temático intitulado “Em torno do assédio: Violência de gênero e a luta por direitos”, que reuniu trabalhos acerca do complexo categorial que trata de tais violências, seja nas universidades ou em outros ambientes de pesquisa e de trabalho.

Para tanto, o ST constituiu-se como um ambiente de diálogo de saberes, contando com pesquisadoras de diversas áreas, que trouxeram discussões como: a judicialização das relações no ambiente universitário, mecanismos institucionais para o enfrentamento das violências de gênero nas universidades brasileiras, assédio sexual em ambientes acadêmicos, violência sexual na educação física escolar, dentre outros.

Ademais, uma das pesquisadoras do LIEG, Juliana Adono, também esteve presente no Simpósio Temático intitulado “Tecer coletividades: feminismos e comunidades literárias”, coordenado pelas professoras Lua Gill da Cruz (PUC-Rio), Luciéle Bernardi de Souza (UFSC) e Virgínea Novack Santos da Rocha (PUCRS).

O referido ST teve como intuito refletir como as questões de gênero perpassam os processos coletivos do fazer artístico e literário. Para tanto, reuniu trabalhos acadêmicos, intervenções e relatos de experiência no campo das artes e da literatura que problematizam o lugar e o papel das coletividades, tanto no âmbito da criação conjunta, quanto da circulação em comunidades.

Na oportunidade, a pesquisadora Juliana Adono apresentou elementos de sua pesquisa, desenvolvida no âmbito do LIEG e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia e Ciências da UNESP de Marília/SP. A apresentação consistiu em abordar os feminismos decoloniais e as subjetividades resistentes no Poetry Slam.

Além disso, as pesquisadoras também estiveram nas demais atividades, dentre elas na Marcha Contra o Fim do Mundo, que ocorreu no dia 31 de julho no Centro de Florianópolis-SC. A Marcha Contra o Fim do Mundo é um movimento feminista, anticapitalista e antirracista que acontece tradicionalmente durante o Seminário Internacional Fazendo Gênero.

Abaixo, algumas fotos do evento:

Texto por Juliana Adono da Silva. Doutoranda em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (PPGCS/UNESP). Integra o Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero (LIEG/UNESP). Atualmente, se dedica aos estudos de gênero, na linha de pesquisa Cultura, Memória e Identidade.

Dia internacional das mulheres! De que mulheres estamos falando?

RETROSPECTIVA_2023 – Ato pró-Palestina. – Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Passados 107 anos da marcha das mulheres ocorrida na Rússia realizada por mulheres em  8 de março de 1917 reivindicando melhores condições de vida; e ainda vivemos nesta mesma data as mesmas reivindicações femininas.

Os corpos das mulheres ainda são alvos de guerras, exploração laboral e precarização da saúde.

Atualmente, no conflito entre o Estado de Israel e o povo palestino os individuos mais prejudicados e mortos são as minorias sociais.

Segundo os relatórios oferecidos pelo Ministério de Saúde da Palestina, 60% dos feridos são mulheres e crianças.

As acusações por mulheres palestinas ou representantes dos direitos humanos na Palestina denunciam a prática de assédio sexual, inclusive estupro cometidos contra as palestinas por parte dos militares de Israel.

Uma das responsáveis pela averiguação e recolhimentos de depoimentos, Francesca Albanese (advogada italiana que residia nas áreas palestinas desde 2022 pela ONU), relatora especial da ONU, diz que as acusações  se colocam durante o momento de averiguação de  homens em mulheres quando de fato são “estupros coletivos”.

Acusações também foram feitas contra o Hamas (organização paramilitar da Palestina). Israel afirma que os direitos humanos foram quebrados e mulheres israelenses detidas pelo Hamas foram violentadas.

A ONU vem validando as acusações. Porém,  no último relatório essas acusações foram consideradas infundadas pela ausência de depoimento e  imagens da câmera de segurança que estavam prejudicadas.

Para ambos os lados o processo investigativo está tendo obstáculos.

 Israel, por exemplo, baniu a entrada das relatoras especiais. Além disso, as palestinas também não são identificadas e é de difícil acesso devido ao perigo que correm ao relatar ainda residindo em Gaza.

Partindo de uma análise mais ampla, além dos casos de violência contra mulheres de modo explícito, elas também sofrem de outras formas não tão evidentes. Entre elas estão aquelas  que se encontram em ambientes hostis e sem higienização e são obrigadas a realizar cesariana,  sem a anestesia e esterilização correta.Esse fato vem acarretando  mortes e possíveis contaminações.

Entre os itens  que  Israel vem proibindo  das  Equipes de Ajuda Humanitária estão os  kits de maternidade e anestésicos. Outro ponto consiste  nos  ciclos menstruais das mulheres que permanecem mesmo em condições de  guerra.

As notícias são veiculadas pela grande mídia ; os alimentos são queimados por tropas israelenses;os produtos de  higiene pessoal também são escassos.

As vítimas estão fragilizadas diante da contaminação  de várias  doenças venéreas,  além de  vários tipos de infecção urinária ou até mesmo a Síndrome do Choque Tóxico (complicação médica causada por infecção bacteriana), que pode levar a óbito.

Vivemos em pleno século XXI, hoje 8 de março comemora-se o Dia Internacional das Mulheres em um momento de uma geopolítica  de extermínio de uma população de mulheres e crianças sem condições de sobrevivência. GENOCÍDIO?

“O mundo agora sabe o que os palestinos sempre souberam, que as forças israelenses têm sequestrado, estuprado, espancado, aprisionado e até mesmo executado mulheres palestinas,” diz Hala Hanina, ativista palestina dos direitos das mulheres.

Maria Eduarda Guilger de Araujo, graduanda em Relações Internacionais, segundo ano, FFC/UNESP e membro do Laboratório Interdisciplinar de estudos de gênero e Grupo de Pesquisa Cultura&Gênero/CNPq.

Divulgação – material de enfrentamento a todas as formas de violência no âmbito universitário – Ouvidoria Geral – UNESP

Com intuito auxiliar na recepção dos/as/us ingressantes e no fortalecimento do combate ao trote e às violências, a Ouvidoria Geral da UNESP disponibilizou o folder da Ouvidoria da Unesp atualizado, com o ano de 2024. Este folder apresenta informações muito importantes, como as formas de contato com a Ouvidoria Geral, a apresentação do que é a ouvidoria, o que é a Comissão Central de Acolhimento às Pessoas Vítimas de Violência (Acolhe Unesp), e a Resolução 86/1999, que proíbe o trote. Vale destacar que neste folder contém QRcodes que direcionam para conteúdos fundamentais: a página da “Ouvidoria”; da “Caadi”; do “Acolhe Unesp” e do “Guia de Enfrentamento ao Assédio”.

Nós do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero/LIEG apoiamos a medida da Ouvidoria Geral e acreditamos na importância desse material para enfrentar as diversas violências que ainda se perpetuam na universidade.

Na galera, imagens do material que será amplamente distribuído e divulgado.