Hoje, 08 de março de 2022, é considerado o Dia Internacional das Mulheres e, normalmente, data de comemoração e homenagem à existência de mulheres. O grupo do LIEG posiciona-se de uma forma que pretender problematizar não só a comercialização, idealização e o desvio do aspecto político do dia de hoje, mas também trazer algumas reflexões: Quem consideramos mulheres hoje no Brasil? Qual a realidade de existência das mesmas? Quais nossas principais demandas e reivindicações de luta?
A partir de um posicionamento e perspectiva feministas não-hegemônica, consideramos que o movimento necessita considerar a multiplicidade das formas de expressão do gênero feminino e a complexidade das diferenças entre as formas de existência desse grupo. O feminismo do LIEG não é indiferente à questão racial, colonial e sexual. Isso significa que não ignoramos o fato de que SER MULHER significa ser ou estar em posições de vulnerabilidade e de opressão, com recortes históricos, sociais e econômicos de raça, classe, sexualidades, religião e etc.. Portanto, a existência das mulheres plurais está interseccionada por múltiplas formas de opressões, violências e invisibilizações.
Quem está na posição de vitimada? Por que mulheres brancas são vistas como meigas, desprotegidas e despreparadas e mulheres negras como agressivas e indestrutíveis? Por que as trans e travestis não são vistas nem como pessoas ou como mulheres? As violências estão atravessadas por diversos aspectos estruturais, históricos e políticos que moldam e determinam algumas existências. É nesse sentido que o dia de hoje é importante para darmos visibilidade à condição de vivência das mulheres no Brasil:
“Assassinatos de pessoas trans voltam a subir em 2020″. Fonte: Antra – Associação Nacional de Travestis e Transexuais (03/05/2020).
“Brasil registrou 140 assassinatos de pessoas trans em 2021: São Paulo foi o estado com maior número de ocorrências”. Fonte: Repórter da Agência Brasil – Brasília. (29/01/2022).
Os dados, índices, reportagens e notícias demonstram o porquê da data de 08 de março não poder estar distante da luta e das reivindicações que estão articuladas às práticas de (re)existirmos. A coletividade de mulheres, que não é homogênea e não pode ser analisada de forma generalista, encontrará sempre desafios e obstáculos no caminho da tentativa de simplesmente SER. Assim sendo, o dia de hoje demanda muitas reflexões, problematizações e mudanças para todos, todas e todes. Não queremos felicitações. Não queremos os “parabéns”. Não queremos flores, queremos a flor da vida, do respiro e de outra realidade de existência. Chega! Não nos calaremos e nem você deveria.
Hoje, Dia Internacional d(s) Mulhere(es) a s palavras estão soltas, voando nas mídias digitais desejando e enviando mensagens positivas com se o mundo das mulheres fosse pleno de alegria, paz e equidade.
Nos, pesquisadoras/es do LIEG/UNESP estamos atentxs para o momento presente: guerras visando interesses e lucros; violência doméstica crescente chegando à feminicidios com altas estatísticas, principalmente em tempos de pandemia e situações agravantes onde ELAS como vitimas não tem como se queixar, reclamar , pois a sua palavra não tem sentido nessa sociedade machista, patriarcal e heteronormativa. . Portanto, podemos sim festejar esse dia!! Mas a luta permanece ! Estamos juntas
Reflexão importante demais, parabéns Beatriz e Professora Lídia.
Parabéns pelo texto, demonstra uma cruel realidade que ao invés de homenagens ,as mulheres precisam se unir em desafios para que a nossa sociedade machista veja que juntas somos muito mais fortes