52 opções de gênero. É possível?

A revista Época publicou recentemente uma matéria sobre as 52 possíveis opções de identidade sexual no Facebook. O site Hypeness divulgou que em Nova Iorque, a Comissão dos Direitos Humanos decidiu oficializar 31 diferentes tipos de gênero. Nós do Cultura e Gênero trazemos estas discussões para pensarmos acerca das diversas formas de identificação. A questão central nos propõe um dilema entre o que é biológico e o que é socialmente construído, elucidado pela matéria da revista online AzMina.

O Facebook disponibilizou tipos de gênero para selecionarmos ao preencher nossos perfis pessoais na rede social. Porém, notamos que estas inúmeras classificações giram em torno de identidades centrais, são como diferentes termos para um mesmo significado. Para endossar a discussão o antropólogo Luiz Mott diz que algumas minorias de gênero tem inventado subcategorias que só os membros do próprio segmento as usam e acrescenta que ainda não é possível saber se isso foi uma iniciativa para chocar ou se levará à uma conquista de cidadania plena para estas minorias.

Já o psicólogo Klecius Borges defende que os termos são tentativas de demonstrar a subjetividade emocional, física e comportamental que quebraria com os binarismos da nossa cultura ocidental. Porém, acrescenta Alexandre Saadeh, coordenador do Ambulatório de Transtorno de Identidade de Gênero do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, que quando se especifica demais, perde-se o foco e passa-se a concentrar em detalhes que não importam.

A bióloga Anne Fausto-Sterling põe em cheque os pressupostos das ciências biológicas. Acredita que há muito de construção social na atribuição do sexo biológico. A medicina trata o Intersexual (pejorativamente conhecido como hermafrodita) como anormal, mesmo quando a criança nasce saudável, julgam necessário procedimento cirúrgico para a adequação binária de sexo. Ela aconselha esperar a adolescência ou a vida adulta, que é quando a pessoa tem a capacidade de decidir por si mesmo.

Acreditamos que a discussão de gênero e sexo é importante para lidar com os preconceitos de nossa sociedade. Tudo o que é desconhecido e não falado gera um estranhamento. E para construirmos uma nova forma de sociabilidade é válido estimularmos este tipo de diálogo.

É importante pontuar a diferença entre gênero e sexo. O sexo diz respeito à genitália e o gênero à forma como construímos socialmente nossa identidade. O sistema ocidental tradicionalmente é binário e impõe uma forma de comportamento em concordância com o sexo biológico. Essas três matérias disponibilizadas trazem à tona a emergência da discussão como uma busca de possibilidade plena de existência.