Dia internacional das mulheres! De que mulheres estamos falando?

RETROSPECTIVA_2023 – Ato pró-Palestina. – Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Passados 107 anos da marcha das mulheres ocorrida na Rússia realizada por mulheres em  8 de março de 1917 reivindicando melhores condições de vida; e ainda vivemos nesta mesma data as mesmas reivindicações femininas.

Os corpos das mulheres ainda são alvos de guerras, exploração laboral e precarização da saúde.

Atualmente, no conflito entre o Estado de Israel e o povo palestino os individuos mais prejudicados e mortos são as minorias sociais.

Segundo os relatórios oferecidos pelo Ministério de Saúde da Palestina, 60% dos feridos são mulheres e crianças.

As acusações por mulheres palestinas ou representantes dos direitos humanos na Palestina denunciam a prática de assédio sexual, inclusive estupro cometidos contra as palestinas por parte dos militares de Israel.

Uma das responsáveis pela averiguação e recolhimentos de depoimentos, Francesca Albanese (advogada italiana que residia nas áreas palestinas desde 2022 pela ONU), relatora especial da ONU, diz que as acusações  se colocam durante o momento de averiguação de  homens em mulheres quando de fato são “estupros coletivos”.

Acusações também foram feitas contra o Hamas (organização paramilitar da Palestina). Israel afirma que os direitos humanos foram quebrados e mulheres israelenses detidas pelo Hamas foram violentadas.

A ONU vem validando as acusações. Porém,  no último relatório essas acusações foram consideradas infundadas pela ausência de depoimento e  imagens da câmera de segurança que estavam prejudicadas.

Para ambos os lados o processo investigativo está tendo obstáculos.

 Israel, por exemplo, baniu a entrada das relatoras especiais. Além disso, as palestinas também não são identificadas e é de difícil acesso devido ao perigo que correm ao relatar ainda residindo em Gaza.

Partindo de uma análise mais ampla, além dos casos de violência contra mulheres de modo explícito, elas também sofrem de outras formas não tão evidentes. Entre elas estão aquelas  que se encontram em ambientes hostis e sem higienização e são obrigadas a realizar cesariana,  sem a anestesia e esterilização correta.Esse fato vem acarretando  mortes e possíveis contaminações.

Entre os itens  que  Israel vem proibindo  das  Equipes de Ajuda Humanitária estão os  kits de maternidade e anestésicos. Outro ponto consiste  nos  ciclos menstruais das mulheres que permanecem mesmo em condições de  guerra.

As notícias são veiculadas pela grande mídia ; os alimentos são queimados por tropas israelenses;os produtos de  higiene pessoal também são escassos.

As vítimas estão fragilizadas diante da contaminação  de várias  doenças venéreas,  além de  vários tipos de infecção urinária ou até mesmo a Síndrome do Choque Tóxico (complicação médica causada por infecção bacteriana), que pode levar a óbito.

Vivemos em pleno século XXI, hoje 8 de março comemora-se o Dia Internacional das Mulheres em um momento de uma geopolítica  de extermínio de uma população de mulheres e crianças sem condições de sobrevivência. GENOCÍDIO?

“O mundo agora sabe o que os palestinos sempre souberam, que as forças israelenses têm sequestrado, estuprado, espancado, aprisionado e até mesmo executado mulheres palestinas,” diz Hala Hanina, ativista palestina dos direitos das mulheres.

Maria Eduarda Guilger de Araujo, graduanda em Relações Internacionais, segundo ano, FFC/UNESP e membro do Laboratório Interdisciplinar de estudos de gênero e Grupo de Pesquisa Cultura&Gênero/CNPq.