O movimento feminista do LIEG – o que levamos para casa em 2021?

Un movimiento feminista es un movimiento político colectivo. Muchos feminismos significa muchos movimientos Un colectivo es lo que no permanece quieto, sino que crea movimiento y es creado por él. Imagino la acción feminista como ondas en el agua: una pequeña ola, posiblemente creada por los rigores del clima, aqui y allá, cada movimiento possibilitando otro, otra onda, hacia fuera, expansiva (…). Un movimiento también es un refugio. Convocamos; tenemos una convención. Un movimiento nace para transformar lo que existe.

Citação do livro Vivir una vida feminista de Sara Ahmed, 2018, p. 15-16.

Finalizamos as atividades de 2021 com muitas reflexões e aprendizados. O LIEG, mais uma vez, protagonizou o movimento de dar visibilidade a epistemologias, metodologias e teóricas/os marginalizadas e esquecidas pela grade curricular dos cursos tradicionais. Isso significa que, ao refletirmos sobre a retrospectiva desse ano, fomos capazes de estudar e colocar no centro do debate autoras e autores como Robert W. Connel, Grada Kilomba, Beatriz Preciado, Vilma Piedade, Silvia Federici, Sara Ahmed, Karuna Chandrashekar, Kimberly Lacroix, Sabah Siddiqui, Boaventura de Sousa Santos, Oyèrónkẹ Oyěwùmí, Françoise Vergès e muito mais.

Em 2021 continuamos enfrentando as consequências de uma pandemia que tem se alastrado pelo mundo nos últimos dois anos. Logo, esse ano não significou somente estudos, leituras e debates, mas momentos de muita luta, companheirismo e união. A rede de troca, acolhimento e resistência, criada por nós, tem possibilitado a quebra das barreiras estabelecidas pela Universidade. O contato com pesquisadoras e pesquisadores da América Latina, Estados Unidos e Europa ilustra a potência de criar um movimento feminista coletivo além-fronteiras.

Nosso planejamento para 2022 é fortalecer esse grupo internacional com a criação de Dossiês Feministas que abordem a temática da Violência de Gênero na Universidade, foco de análise de muitas pesquisadoras do LIEG. Portanto, nossa ação e entusiasmo demonstram que não estamos encerrando ciclos, mas dando continuidade a um tear de conhecimento, parcerias, enfrentamentos e transformações. Segundo Sara Ahmed (2018, p. 123 – tradução livre), “reunimos um exército armado de braços em resposta a esta súplica. Um exército de braços feministas poderia pulsar com vida e vitalidade compartilhadas”. 

Desejamos boas festas e muitas doses de vacina nos nossos braços resistentes! Agradecemos muito a presença de todas, todos e todes nesse ano que se encerra, e esperamos, em breve, nos reconectar em 2022.

Em memória e homenagem à figura de bell hooks, uma das escritoras e ativistas que mais contribuiu para o movimento e a teoria feminista negra, deixamos aqui uma reflexão sobre nossa força individual e de como essas palavras nos tocaram, especialmente depois dessa perda irreparável:

“Sometimes people try to destroy you, precisely because they recognize your power — not because they don’t see it, but because they see it and they don’t want it to exist.”

“Em alguns momentos pessoas tentam te destruir, isso ocorre precisamente porque reconhecem seu poder – não porque não o enxergam, mas exatamente porque conseguem vê-lo e não querem que ele exista”. (tradução livre).