Quinto encontro da Atividade de Extensão Construindo Diálogos “Sobrevivência e Oralidade: (ins) escrevendo vozes, corpos e existências”

As atividades do primeiro semestre de 2022 do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero continuam! A nossa ação de extensão Construindo Diálogos “Sobrevivência e Oralidade: (ins) escrevendo vozes, corpos e existências” teve seu quinto encontro no dia 26 de maio, com a exposição de Andréa Borges Leão, doutora em Sociologia pela Universidade de São Paulo e professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará.

As discussões do nosso encontro foram centradas pelo artigo de Andréa Borges e Antonio Cristian Saraiva, intitulado Figurações de sobrevivência em Primo Levi. Diálogos com Norbert Elias, em que eles utilizam obras de Norbert Elias, assim como de outros pensadores sociais, para desvelar as figurações de sobrevivência na narrativa de Primo Levi. O texto possibilita reflexões acerca da historicidade do testemunho, da memória e oralidade, localizados em contextos específicos, que sofrem influência da percepção do Eu e do coletivo em que estão inseridos.

Ao tratarmos das figurações de sobrevivência, Andréa nos auxiliou a refletir sobre o sobrevivente, como encarnado na pessoa do Primo Levi, que é analisado por Philip Roth como observador em movimento. Nós, pesquisadoras que trabalhamos com oralidade, precisamos estar atentas a isso, pois os sobreviventes – pessoas que serão ou são entrevistadas na nossa pesquisa – dão testemunhos que apresentarão tanto a percepção da própria experiência da sobrevivência quanto a externa, do coletivo social. É nesse sentido que a memória e o observador não são categorias fixas, pois podem ser alteradas durante o processo do tempo pós-traumático, que refletirá na entrevista.

Portanto, o encontro foi muito importante para compreendermos, categoricamente, o que significa realizar uma análise histórica-social dos testemunhos de sobreviventes, inseridos nos mais diversos contextos. As metodologias de pesquisa na História e nas Ciências Sociais, como a pesquisa de campo e a entrevista, estão sendo revisadas e revisitadas pelo grupo, na medida em que temos construído olhares críticos diante esses métodos.