Sexto encontro da Atividade de Extensão “Construindo Diálogos” – Sobrevivência e Oralidade: (ins) escrevendo vozes, corpos e existências.

As atividades do primeiro semestre de 2022 do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero continuam! A nossa ação de extensão Construindo Diálogos “Sobrevivência e Oralidade: (ins) escrevendo vozes, corpos e existências” teve seu sexto encontro no dia 09 de junho, com a exposição de Emilia Barbosa, professora assistente na Missouri University of Science and Technology nos EUA e pesquisadora-colaboradora do LIEG.

A professora Emilia fez uma exposição acerca do livro de Judith Butler, intitulado A força da não violência: Um vínculo ético-político (2021), que teorizou sobre como o uso da não violência utiliza instrumentos táticos da violência, principalmente pelo Estado e pelo sistema econômico que está inserido. O monopólio da violência, ou seja, a legitimidade em praticar a violência está somente nas mãos do Estado. Segundo Butler, esses aparatos são hábeis e conseguem manipular a “semântica da violência”, na medida em que possuem o poder de autorizar, desautorizar, censurar ou punir atos enquadrados como violentos.

A autora realiza essa análise ao partir de um olhar crítico diante a condição de vivência extremamente desigual em muitos Estado-nações ao redor do globo. A manutenção da desigualdade, permeada pelo racismo, sexismo, LGBTQIA+fobia e etc., se dá através da violência e da não-violência. Ao observar aquilo que Butler denomina de habitabilidade, a teórica realiza uma análise de como a falta ou mesmo a distribuição e acesso desiguais de infraestrutura, recursos materiais, alimentos, moradia e trabalho, são expressão das várias táticas da não violência.

O Estado, detentor da semântica e do monopólio da violência, não considera esse cenário de extrema precariedade como violento. É nesse sentido que na Introdução de seu livro, Butler contextualiza o leitor da realidade vivida pelos marginalizados, oprimidos e invisíveis, que vivem essa realidade. Logo, ao nos apropriarmos dessa leitura, o grupo do LIEG pôde refletir sobre a importância da aplicação e compressão do conceito dos usos da não violência, como recurso essencial para pesquisas que propõem essa postura crítica diante estruturas violentas e opressivas.