As atividades do segundo semestre de 2022 do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero continuam! A nossa ação de extensão Troca de Saberes e Vivências: “Violência de Gênero nas Universidades brasileiras e latino-americanas” teve seu sexto encontro no dia 10 de novembro com a presença da doutoranda em Ciências Sociais na UNESP-Marília e pesquisadora do LIEG, Juliana Adono da Silva.
O texto apresentado e discutido, intitulado, ASSÉDIO SEXUAL NO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO: uma análise sociogendrada das emoções e das subjetividades na transferência entre alunas assediadas e professores assediadores, aborda a temática a partir de perspectivas críticas e politizadas dos afetos. No texto, prioriza-se analisar, ou mesmo trazer à luz, os aspectos psicológicos e subjetivos na investigação da violência de gênero e do assédio sexual nas universidades, fato que proporciona um olhar refinado e diversificado da problemática.
Posto isto, as autoras Valeska Zanello e Iara Flor Richwin, reflexionaram e definiram quais as manifestações de violência mais frequentes no campo universitário, as reações mais comuns das assediadas e as três formas de assédio sexual, segundo Hernandez e Barraza (2021): o assédio de gênero, representado pelos comportamentos ofensivos sexuais que se apresentam de forma verbal, física e simbólica, podendo ser hostis, ofensivos e misóginos; a atenção sexual não desejada, que pode abranger expressões românticas e até mesmo manifestações sexuais mais diretas, que podem ser intimidatórias ou ofensivas; e a coerção sexual, caracterizada por condutas sutis ou explícitas, nas quais se demanda uma troca sexual para se adquirir benefícios laborais.
Podemos afirmar que esse texto, e a discussão subsequente, foi inovador na medida em que realizar uma análise sociogendrada da problemática da violência de gênero nas universidades. Logo, mesmo dentro do campo da psicologia, os conceitos e preceitos sociológicos foram utilizados para compreender as questões gendradas/generificadas na estrutura das relações de gênero nesses espaços de ensino. Portanto, recomendamos a leitura a compreensão aprofundada dos fenômenos sociais generificados nos aspectos subjetivos e emocionais imbricados ao assédio sexual, como: as relações de poder/hierarquia nas universidades; o mandato do patriarcado; “leis” simbólicas – “ignorância cultivada” e “não saber”; autoculpabilização pela violência; os “medos” sobre os “custos” da denúncia; cumplicidade institucional e do grupo com o assédio; satisfação narcísica de ser “eleita” ou “escolhida” e etc.